miércoles, octubre 31, 2007

Cão Parasita (Perro Parásito)


Setembro passado, um artigo de capa da Cell chamou a atenção e ganhou as manchetes dos jornais: um estudo sobre um tumor sexualmente transmissível em cães (canine transmissible venereal tumour- CTVT). O CTVT havia sido caracterizado há 130 anos. Ele foi interpretado como um tumor capaz de transplantar-se para outro indivíduo. Uma metástase inter-individual, digamos (surpreendentemente, os CTVT não enfrentam todos os problemas imunológicos que acontecem quando realizamos transplantes de órgãos e tecidos).
Murin e colaboradores (2006) mostram que os CTVT representam uma linhagem celular antiga, distinta (aneuploide) e estável. Comparando o genoma dos CTVTs encontrados em cães de diferentes locais do mundo, perceberam que o genoma dos CTVTs são praticamente idênticos e muito distintos do genoma de seus hospedeiros. Os CTVTs seriam um conjunto de células somáticas que se segregam independentemente há no máximo 2500 anos.
Na última edição da revista Evolution & Development, Uri Frank oferece uma interpretação radical e curiosa. Inicialmente, Frank trata de descaracterizar o CTVT como um tumor. Em seguida vem o surpreendente: ele o caracteriza como uma nova espécie.

"This may lead us to the inevitable conclusion that CTVT is a new species (to be named) of parasitic dog that evolved very recently (and indeed very fast) to become established worldwide. It has undergone major changes in its developmental plan resulting in a completely different morphology and life cycle as compared with its free-living ancestor"

Como Frank chama atenção, grandes simplificações morfológicas ocorreram em outras linhagem (Ele cita Buddenbrockia. Eu incluiria Placozoa, Myxozoa, Micrognathozoa e outras esquisitices). Em uma análise filogenética, o CTVTs individuais formariam um clado monofilético com os cães domésticos, deixando os lobos como grupo irmão. Casos semelhantes são reportados no syrian hamsters e no diabo da tasmânia.


P.S. Nova espécie ou não, alguém sente falta da seleção natural para explicar este fenômeno?

Murgia, C., Pritchard, J. K., Kim, S. Y., Fassati, A., and Weiss, R. A. 2006. Clonal origin and evolution of a transmissible cancer. Cell 126: 477–487
Frank, U. The evolution of a malignant dog. Evolution & Development, v.9, n.6, p.521-522. 2007.

23 comentarios:

A. Vargas dijo...

Sin duda es el ejemplo más dramático del origen "saltacionista" de una nueva especie...de vuelta al nivel celular, nada menos. En el rayo se venía discutiendo este caso desde hace tiempo, da gusto ver que hay avances en este tema.

me pareció escuchar por ahí que los demonios de tasmania están siendo atacados por células de perro...acaso han cruzado la barrera de la especie? de perro a marsupial

Anónimo dijo...

Recordo-me que quando saiu o artigo na Cell Nelson e Jompoma estavam em Florianópolis e comentamos o assunto. Mas sem dúvida é importante que um tema como este tenha ganho espaço na Evolution & Development. Perceber que é um fenômeno com implicações muito além da medicina é um grande passo em direção a uma biologia melhor.

Anónimo dijo...

Respondendo aos comentários que Nelson e Gustavo fizeram por e-mail:

A tolerância por mucosa, que Nelson tanto nos fala, realmente permite compreender como este tipo de fenômeno pode acontecer (sem problemas imunológicos). O interessante é que isto também resolve o que Frank considera o principal desafio para o surgimento dos CTVT: não ser reconhecido como non-self:

"During these few years until first transmitted, CTVT has evolved mechanisms to evade not only its original host’s immune system, but also those of its conspecifics, a very uncommon evolution in cancer"

Quanto ao demonio da tasmania, dei uma olhado no artigo citado por Frank. Parece ser outro caso de "allograft" (os cromossomos das células mudaram de maneira complexa e são idênticos em tumores de diferentes indivíduos). Interessantemente, mais uma vez há mucosa relacionada, mas agora oral.

Pearse A-M, Swift K. Transmission of devil facial-tumour disease. Nature 2006; 439: 549.

Anónimo dijo...

Ah! Gustavo, concordo:
"isso é um exemplo de um conservar histórico de um modo de viver desta linhagem celular que tem derivado ao longo dos ultimos 2.500 anos, e que não tem nada a ver com uma mudança dirigida por pressões seletivas ou por filtros ambientais atuando sobre um rasgo isolado..."

Roberto E. Yury Yáñez dijo...

wn! no hay más que decir! esto es la patada! ¿¿¿dónde está la variación en la población de perros donde unos pocos empieza a nacer como tumores para ser "seleccionados"???

A. Vargas dijo...

Roberto,
Si no me equivoco todos estos tumores vienen de un único perro, un único evento de origen del cancer venéreo.
El marco seleccionista considera que siempre está disponible la variación. Sin embargo este ejemplo indica un único evento, muy discreto, hace unos 2000 años, lo cual invita a una refelxión sobre la efectiva validez e importania evolutiva de eventos que realmente raros (pese a que el darwinismo siempre ha considerado que DEBEN ser irrelevantes por motivos "estadísticos")

Roberto E. Yury Yáñez dijo...

Desde que supe del perro maligno q no duermo!!!
O sea si buscas en el marco del darwinismo nadie podría explicar el surgimiento de esta especie (el cladograma q lamentablemente ya no se vé, me mató) quizás pueda existir un modelo mejor pera explicar el caso, sin embargo, hasta el momento una buena explicación parece ser la conservación sistémica reproductiva de una relación fenotipo ontogénico/nicho ontogénico. Estima Sanders no me cansó de citarte (a lo mejor te sube el ISI jejeje) "Es posible argumentar que el rol de la selección natural en la biología evolutiva puede compararse al de la mecánica newtoniana en la física
contemporánea. Puede describir un cierto dominio de observaciones, pero es insuficiente para manejar las diferentes fuentes de conocimiento evolutivo".

Roberto E. Yury Yáñez dijo...

RASSS!!! ya lo había ndicho jejeje P.S. Nova espécie ou não, alguém sente falta da seleção natural para explicar este fenômeno?

A. Vargas dijo...

qué lástima, yo tampoco veo las imágenes, algo pasó

Anónimo dijo...

Fiz o upload do cladograma de novo. Aproveitei e coloquei uma foto do Diabo da Tazmania.

Roberto E. Yury Yáñez dijo...

El cladograma salía en el trabajode Evolution & Development??? porque leyendo el de Murgia et al dice que el CTVT se habría originado del lobo. No debiese compartir un ancestro común más reciente con este??

Anónimo dijo...

O cladograma é da Evolution & Development. Se a filogenia molecular está correta (no máximo 2500 anos), o ctvt é muito mais recente que a separação entre perros e lobos.

Emilio Cervantes dijo...

Habrá que repasar las definiciones de especie. (Por cierto: ¿hay alguna correcta?). Especie como conjunto de individuos que pueden reproducirse entre sí no parece aquí nada adecuado.(¿Es posible; es decir: es útil, tiene sentido hablar de especie si no hay indivíduos?)

Si insistimos en ver aquí una nueva especie, supongo que será una especie animal, pero no será un vertebrado sino más bien un nuevo invertebrado parásito con marcadores genéticos de perro.

Un perro obligado a vivir dentro de otro perro. Un perro desprovisto de toda la simbología.

Fantástico hallazgo en el centenario de Linneo.

¿Creen ustedes que podemos encontrarnos ante una nueva especie?.

Anónimo dijo...

Podemos discutir se consideramos isso como uma nova espécie ou não, mas isso não é o central nessa história.

O importante é que há um modo de viver (uma nova relação bicho/mundo, uma nova organização) que se ha conservado historicamente, transgeneracionalmente. E isso é apenas uma deriva sistêmica/histórica. E não se faz necessário nenhuma menção à filtros ambientais, pressões seletivas, ou mutações genéticas para explicar esta situação.

A. Vargas dijo...

en vez de especie, el concepto que me gusta es el de linaje, es decir, de la conservación transreproductiva de un fenotipo ontogénico, que implica la conservacion de aspectos de la estructura inicial y del nicho ontogénico. Considero que el CTVT definitivamente sería un nuevo linaje.

A. Vargas dijo...

el CTVT es un cáncer...debe tener mutaciones somáticas, o aberraciones cromosómicas...

Anónimo dijo...

O CTVT é aneuplóide. Isto que primeiro chamou a atenção para a possibilidade de uma linhagem comum, pois todos os tumores possuiam o mesmo cariótipo.

A. Vargas dijo...

vale, osea definitivamente hay una diferencia en el numero de cromosomas con respecto al perro

Anónimo dijo...

La definición de lo que llamemos o no "especie" es completamente irrelevante para la comprension biologica de la evolución, concuerdo con sanders en que llamar "linaje" en el sentido laxo (como M&M 1992), tiene un valor infinitamente mayor en terminos heuristicos en el sentido en que se hace hincapié en considerar la conservación del modo de vida (fenotipo ontogénico) transreproductivamente. De esta forma no debiera escandalizarnos llamar "linaje" a una linea celular, como por ejemplo al sistema nervioso, o al sexo masculino, o a la hormiga obrera...
ain't it?

RSUAREZ

Anónimo dijo...

O interessante da definição de espécies como linhagens é que ela se apóia em padrões, não em processos. A espécie é uma série histórica, um ramo na árvore da vida (que reconheço retrospectivamente). Os processos que geram novas linhagens podem ser vários - fisiológicos, comportamentais ou ambientais. Não importa. O importante é a relação histórica entre uma sequência de ontogenias individuais.
Acho que o conceito de linhagem resolve ainda um outro problema: a disputa entre micro e macroevolução.
O CTVT, afinal, é uma nova espécie ou um novo gênero, família ou ordem? O CTVT é uma nova linhagem, dentro da linhagem dos canídeos, que está dentro da linhagem dos carnívoros, que está dentro da linhagem dos mamíferos, etc. Não importa a disparidade da modificação: a especiação gera uma nova linhagem, não um novo rank sistemático.

Roberto E. Yury Yáñez dijo...

el rank sistemático da lo mismo si a cada nodo trataramos de meterlo en categorías linneanas nos volvemos locos.
no sé en verdad cuanto sentido tienen las categorías linneanas en la cladistíca moderna.
Por otro lado aunque el ejemplo del perro es espectacular, creo q el género Xenoturbella podría representar un caso similar, se trata de un deuterostomado (no basal) muy sencillo carente de la mayoría de los órganos del cual se sabe muy poco y que fue descrito como molusco por una mala extracción de tejido donde se tomó contenido del estómago en vez del propio bicho. (Nature 424; 925-928) alguien podría comentar algo al respecto ya que además el bicho pertenece al clado formado por equinodermos + hemicordados (no sé si esa filogenia es del todo correcta)

Emilio Cervantes dijo...

Gustavo:

"E não se faz necessário nenhuma menção à filtros ambientais, pressões seletivas, ou mutações genéticas para explicar esta situação."

De acuerdo, no es necesario mencionar presiones selectivas para describir la situación. Pero tampoco es totalmente necesario excluirlas. ¿Podría haberlas?.

Es decir, ¿podría ocurrir que el tumor surgiese por una falta de un mecanismo de control en el animal (p.e), lo cual podría ser en respuesta a un factor ambiental?.

¿Podría argumentarse también que, efectivamente, debe de haber una presión selectiva sobre determinado tipo de células ante una situación,....pero que todavía no se ha descubierto?.

A mi entender, la presión selectiva podría, finalmente encontrarse y ser descrita; pero, en ningún caso, ni en este ni en otros, explicaría el resultado final, sino que operaría más bien como una "pobre explicación", ocupando el lugar de otras explicaciones más ricas, cuyos detalles acerca de mecanismos operantes proporcionarían explicaciones más completas.


Este es, a mi entender, el problema con la Selección Natural. Es siempre una pobre explicación, acientífica, insuficiente,...una tautología.

Emilio Cervantes dijo...

No estoy de acuerdo con anónimo en que “La definición de lo que llamemos o no "especie" es completamente irrelevante para la comprension biologica de la evolución”.

Cuando hablamos de evolución, hablamos de evolución de las especies y es fundamental saber qué entendemos por especie.